LOTERIAS DA CAIXA
DEMOCRACIA OU PROTECIONISMO?
Há algumas semanas, a LOTOFÁCIL, uma das alternativas de jogos das loterias da Caixa Econômica Federal, justamente a mais fácil de todas existentes até então, sofreu uma modificação que diminuiu gravemente a força de concorrência dos pobres diante da potencial participação dos mais ricos. Isto, brasileiros e brasileiras, e também estrangeiros e estrangeiras interessados nas possibilidades de ganho, sob a batuta de um Governo dito de ideais socialistas.
Com a instituição de novas regras, com realização de três sorteios semanais e agora possibilidades de participações de concorrentes não somente com cartelas de 15 dezenas. Com as opções de apostas com 16, 17 e 18 dezenas por cartela. Aos custos respectivos de R$20,00, R$170,00 e R$1.080,00. O que fez com que a população menos abastada, a mais pobre, com facilidade de participar com cartelas de 15 dezenas, pagando para cada uma apenas R$1,25, viesse assim a sofrer uma brutal perda de capacidade de ganho dos prêmios de todas as categorias...
Um verdadeiro acinte, podemos estimar coerentemente. Por parte do Governo Federal, então responsável por todas as loterias da Caixa. As quais têm como uma das maiores justificativas a geração de oportunidades de capitalização para todos com renda parcial para programas sociais. Com conotação de favorecer à população em geral, em especial à menos capitalizada, oportunidades de acesso à capitalização de significativo valor.
Esta modificação de critérios, adotada por decisão política de parte de quem tem influência na gestão dos programas lotéricos do Governo Federal de nosso País, cria dúvidas. Sugere corrupção de valores democráticos da capacidade de disputa por oportunidades de ganho de capital por parte dos mais pobres. Senão mesmo maracutaia contra. Ou conluio velado em prol do cerceamento do acesso à riqueza, da diminuição da miséria, contra os desprovidos de bastante conforto econômico e financeiro. Como que protegendo-se camadas acomodadas nas lidas do poder estatal. Como que com intenção de manter-se pobres parte da população brasileira que, uma vez melhor fortalecida econômica e financeiramente, poderia vir a fazer valer valores e vozes em defesa da igualdade. Igualdade de condições de participação na defesa de ideias e valores de ordem política de toda natureza a uma nação imperativos.
Tudo isto justamente num mandato em que a Chefe do Poder Executivo, o mesmo em que são tomadas as decisões sobre as políticas de loterias do Governo Federal, apresenta ao povo seu imperativo de diminuir ou mesmo excluir a miséria...
Se todos os apostadores hoje somente pudessem concorrer com 15 dezenas, a chance de ganharem o prêmio principal seria, para todos, para cada cartela apostada, de 1 para aproximadamente 3,268 milhões. Apostadores participantes com apostas de 16, 17 ou 18 dezenas têm uma chance enormemente multiplicada. De forma a oprimir-se assim as camadas mais pobres de nossa população, em relação a suas chances de sair da pobreza e de sofrer menos as infelicidades da miséria... O que de socialista nada tem...
Se observarmos as arrecadações do Governo Federal com as apostas da LOTOFÁCIL, desde os concursos anteriores à atual regra, praticamente em nada há alteração em volume arrecadado por concurso. O que mostra que em nada, a não ser pela diminuição das chances da pobreza deixar de ser pobre, o Governo Federal contribuiu com a "novidade"...
Como é que se explica isto? O que realmente o Governo pretendeu com esta mudança? Por enquanto, o que conseguiu, foi dúvida do eleitorado, do povo em geral, com relação a suas reais bases de políticas públicas.
Se o infiel no pouco é infiel no muito, onde será que podemos, com este fato, reconhecer propósitos reais de fidelidade ao que o Governo tem dito se propor?
Pensar nisto, livre pensar, é bom pensar...
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