Ler é um
hábito que a necessidade de sabermos nos defender e agilizar
providências ao que a vida nos impõe. Num mundo onde cada vez mais
as pessoas são criadas com valores embasados no que as Ciências
Comportamentais justificam a bom termo. De início, admirável
condição, em segundo passo é uma difícil prática. Porque exige
de nós conhecimento e sutileza, sagacidade e determinação, força
de vontade e um trabalho em nós mesmos sem o qual jamais seremos
nada mais que, no máximo, gente bem sucedida porque teve a sorte de
confiar em quem estudou como nós gostaríamos de ter estudado para
termos segurança própria em relação a tudo o que nos interessa...
E não é
fácil, concordamos muitos de nós que lemos, passar de uma condição
em que brincadeiras sem óculos, posturas imperfeitas, conversas por
conversar, música por apreciar, filmes por assistir, festas para
dançar, pessoas perfumadas e asseadas para conviver, comida gostosa
para fazer e saborear, e muito mais que fazemos sem ter que ler, e
que são valores de qualidade de vida e prazer, em especial dados
antes de nos virmos na fase de vida em que trabalhar ou desempenhar
funções de caráter social cooperativo essenciais a nossas
realizações pessoais, para um processo disciplinado de ocupação
do tempo que é um verdadeiro trabalho pessoal. Nossas atitudes
passam a ser, não necessariamente como casados, verdadeiramente
aquelas segundo as quais passamos a pertencer "ao rol dos homens
sérios"! Ou das mulheres, conforme o caso! E não é moleza.
Num mundo ingrato, em que o respeito ao ter um boi tem sido não raro
maior que ter uma capacidade de trabalho, o respeito ao ter uma
economia é ainda não raro maior que ter um patrimônio de saber, de
saber analisar, trabalhar e escolher o que quer que seja, você
decidir se dedicar a ler, tendo antes de atingir seus objetivos de
leitura, que aprender a ler o que você quiser ler.
Como
somos sensivelmente dóceis, frágeis criaturas capazes de perceber o
mais leve calor do Sol e a mais discreta brisa, o mais sutil canto de
passarinhos, o afago maternal ou o carinho de alguém que nos ama,
devemos também ser fortes para nos mantermos firmes no que somos e
queremos permanecer essencialmente. Se quisermos decidir com certa
independência do que nos cerca, devemos ler, estudar e compreender
com afinco e clareza, sobre tudo o que nos importa.
Eu, assim
como muitas pessoas, tivemos que nos submeter a uma forma
individualmente dedicada de condicionamento e capacitação a
podermos ler o que quer que quiséssemos, e compreender tudo o que
lêssemos. Conseguimos, e minha experiência agora disponibilizo a
você, para que você também com a leitura sobre a Fé, tenha mais
vida não só materialmente segura.
Canções,
pescarias, futebol, basquete, vôlei, piscina, praia, pescaria,
academia, ginásio, espetáculos, lanchonetes, churrascos,
restaurantes, excursões e outras riquezas de lado, necessariamente
colocadas agora em segundo plano, ciente do que isto tudo significava
até então para que eu soubesse o que é viver, vi-me numa condição
em que ou assumia ou sumia! Preferi assumir o ônus, para poder cada
vez mais viver bem e jamais ver-me como um dependente do que quem
teria estudado se dispusesse a assegurar aos meus passos.
Como eu
era uma pessoa afortunadamente enriquecida pelas artes e pelo amor
recebido de partes de minha família e da sociedade não ateias,
aprazíveis pessoas de consistente e paciente fé em Deus Pai, vi que
teria de me adaptar aos poucos, gradativamente. Já tendo lido
diversas obras no Colégio, revistas, livros da biblioteca de minha
casa, que meu pai - justiça seja feita aos seus bons méritos (...)
- procurava manter em nossa casa, várias vezes tinha tentado
enveredar por alguma literatura clássica não integrante do ensino
regular, e também entender os sentidos de letras de várias de
nossas indispensáveis músicas populares brasileiras. E via um
universo de referências históricas e sociológicas, científicas e
acessórias, cujas procedências desconhecia. E assim me via perdido
no tempo e no espaço, do que minha mente tencionava perscrutar, do
que minha leitura se dedicava a buscar... Vi-me em perfeita
ignorância ao que os cultos da minha dimensão compreendiam... Que
lástima! Só tinha uma solução: dar um jeito de entender aquilo
tudo o máximo possível. Eu gostava de viver! Para resumir a novela,
vou passar a você os passos que percorri para familiarizar-me com
personagens de textos, fatos históricos, conceitos políticos e
sociais, filosofias e ritos, feios e bonitos!
1) Tente
se dedicar a ler livros de bolso com um conteúdo leve, com o qual
você se identifique em experiências ou ideais. Por exemplo, aqueles
livrinhos sobre faroeste muito comuns nas bancas de jornais dos anos
60 e 70.
2)
Enverede pelas palavras cruzadas, mandando a lenha, começando pelas
fáceis e somente terminando quando estiver cobra nas mais difíceis.
Não se preocupe em er que saber tudo. As respostas que você não
souber, procure nas soluções. De tanto achar, vai acabar
memorizando. No final das contas, certamente estará quase uma
"Enciclopédia"!
3)
Adquira um bom dicionário e o use que nem sabonete ao tomar banho,
se você realmente se ensaboa direito ao se banhar. Se tiver dúvidas,
aprenda isto primeiro, e também a se enxaguar! Ao consultar uma
palavra no dicionário, você vai ler uma dezena de outras cujos
significados não conhecerá ao certo. Não pare nelas, consulte o
significado de cada uma, e somente retorne a ler o que lhe levou ao
dicionário após mentalizar plenamente todo o significado do que
você precisa entender. Tenha certeza: vai ser exaustivo, mas bom
para que o seu dicionário, ou o da biblioteca que você usar, se não
for pobre e orgulhoso, e vaidoso, no final das contas, não possa
como que ser chamado de "pai dos burros" ou "das
burras", mas "pai dos espertos" ou "das
espertas"!
4) Após
um bom período de leituras de textos que lhe dão mais prazer ou
mais facilidade, mais familiares com seus sonhos de felicidade
saudável e com o seu cotidiano social ou individual, pense se já
não terá chegado a hora de progredir para um nível de literatura
mais complexo, como dramas ou romances de grandes autores de
reputação internacional ou nacional, eruditos, alguns dos quais
você tentou ler antes e parou porque encontrou muitas palavras,
fatos, expressões ou referências que achou interessantes mas não
conseguia entender e tampouco estimar.
5) Depois
de se dar por satisfeito(a) com a leitura de diversas boas obras
relacionadas ao item anterior, pense então em se dedicar a
literatura científica ou educativa e matérias jornalísticas de
colunistas ou articulistas considerados por você como de boa
formação e de abordagens sérias. Sempre usando o dicionário, que
é um companheiro eterno de todos os bons leitores e escritores
respeitados, e escritoras respeitadas e boas leitoras!
Se você
fizer isto, após alguns anos de esforço, poderá sentir uma certa
segurança como detentor(a) de algum nível de conhecimento sobre
áreas de seu interesse. Não se esquecendo, lembrando bem, de que,
antes de todo este processo de esforço respeitoso de sua parte, você
deverá se certificar de que tem ao menos um razoável domínio das
regras gramaticais básicas, de comunicação e expressão,
concordância verbal, etc...
Olhe, em
relação a outros processos, garanto que, com este método, você
sairá mais preservado(a) nos seus valores essenciais e menos
traumatizado(a) de um processo de esforço determinado a ser uma
pessoa que então saberá que continuará segura, se uma outra, amiga
e sábia letrada, com a qual você gostaria de contar sempre, estiver
distante ou ausente. Vá em frente, que atrás tem gente!